Por favor, perca o vôo
Sobre embarques, desembarques, pensamentos e percepções infundadas
Pousei agora.
Acabo de chegar de uma noite insone.
Minha última escala foi naquele momento em que se "frita” tanto na cama que a próxima parada só pode ser levantar.
Ainda meio zonza, assim que aterrizei, decidi correr para o computador.
Tinha uma passageira bem inconveniente no assento ao meu lado: uma ideia.
Ela era espaçosa demais para caber no assento premium.
E, para completar, não parava de falar.
Reclamou do serviço de bordo.
Acordou todo mundo com seu tom de voz.
Queria porque queria sair da aeronave.
Não sossegou nem na hora no desembarque, onde supostamente suas vontades seriam atendidas.
Devia ter prestado mais atenção quando o aplicativo de meditação sugeriu: não pegue esse avião.
Aprendi com o Headspace (o que mais me adaptei até hoje!) essa técnica de tratar sua mente como uma área de embarque e desembarque.
Alguns especialistas estimaram que, em um dia, somos capazes de ter entre 12.000 a 60.000 pensamentos.
Eles estão sempre indo e vindo - e afetando significativamente como nos sentimos.
Imagine que seu cérebro é o aeroporto.
E seus pensamentos são como aviões.
Alguns partem no horário previsto. Outros, têm atrasos homéricos.
Quando eles demoram a ir embora, vem à tona o incômodo, a raiva, a frustração, a nossa querida ansiedade e o conhecido estresse.
Essas são emoções atrasadas para o embarque - e, diga-se de passagem, bastante folgadas.
Todas correndo para pegar seus aviões e querendo te levar junto.
Então, o que fazer quando isso acontece?
Uma das técnicas mais banais (que, como podem perceber, peno até hoje para colocar em prática) é simplesmente não pegar o avião.
Perder (propositalmente) o vôo.
Você percebe o pensamento chegando. Deixa ele taxiar - e se posicionar - no portão.
Mas, em vez de entrara na fila, você fica ali, só olhando, da janela da sala de embarque.
Se vierem à tona algumas ideias, tranquilize-se de antemão: elas - e as amigas emoções - são temporárias. Vão passar.
E já já tem mais aviões chegando…
Ps.: a ideia que veio no meu “vôo” era a de escrever sobre isso nessa Newsletter. Digamos então que, embora espaçosa, ela foi altruísta, diz aí hahaha
Não consegui dormir porque fiquei horas no vôo com a dita cuja…mas achei melhor deixar ela desembarcar aqui -e, quem sabe, ajudar a mais gente a dormir melhor. Justo né?
Ps.2.: Tem um outro estudo interessante da Universidade de Cornell em que os cientistas descobriram que cerca de 85% das coisas com as quais nos preocupamos nunca acontecem. Dos 15% das preocupações que acontecem, 79% descobriram que;
i) eles poderiam lidar melhor com a dificuldade do que esperavam ou;
ii) que a dificuldade ensinou uma lição que valia ser aprendida.
A conclusão é que 97% das nossas preocupações não tem muita “base” e resultam de uma percepção pessimista infundada.
Fonte: aqui.
Este vídeo do Headspace é bem ilustrativo…