Fazer o bem, devolver, culpa e privilégio Achados e Imperdíveis - Nov/2024

A matemática da vida, o palco e coisas para você ler, ouvir e assistir

A última carta de Warren Buffet me lembrou um assunto que constantemente aluga espaços relevantes na minha cabeça: a matemática - ou os saldos - da nossa vida.

O que você fez das oportunidade que foram te dadas? Quando chegar a hora de deixar o mundo, sua passagem por aqui terá gerado saldo positivo ou negativo?

E não estou falando de conta bancária, embora também isso passe por aí.

Em Novembro, participei pela primeira vez do Cantores do Bem, um evento beneficente que arrecada fundos para a Associação Aquarela, que ajuda crianças e jovens da favela do Jaguaré (SP). Fui convidada por acaso, pelo Álvaro - meu querido professor de canto - e acabei descobrindo pessoas muito acolhedoras, uma banda incrível - e um trabalho humanitário muito legal que adorei, com a minha voz, fazer parte.

Minha história com o palco é antiga. Há pouco mais de 2 anos decidi que iria levar a ‘Gabizinha’ de volta para a música - coisa que ela ama desde sempre.

Subo neste palco

Gabizinha de 5 anos no palco

Minha história com o palco é antiga. Há pouco mais de 2 anos decidi que iria levar a ‘Gabizinha’ de volta para a música - coisa que ela ama desde sempre. Além de cantar e ter sido uma criança super expressiva (meio teatral até), eu também fui bailarina por 15 anos. Minha(s) família(s) - dos dois lados, paterna e materna - têm artistas talentosíssimos e sempre coroou nossas celebrações de Natal com apresentações teatrais e musicais. Tudo temperado com uma bela mineirice: comida farta, bebida gelada, música alta, chororô e alegria.

Enfim, o palco é um lugar que eu gosto - e me sinto incrivelmente bem ali.
(Além da parcela hereditária, pode colocar na conta de alguma parte do meu mapa astral em leão, eu não ligo.)

Cantar, para mim, é uma das modalidades da comunicação (que é minha paixão e, arriscaria dizer, vocação) que passa pelo verbal melódico e, junto com a expressão do corpo, dizem muita, mas muuuuita coisa. Em plena segunda-feira, lá estava eu, no SP Hall, algumas doses de uísque depois (rs) cantando Let's Stay Together, do Al Green. Tive ainda mais certeza que é toda aquela atmosfera que faz minha alma vibrar.

Quando desci dali, me sentei na mesa (onde minha família e amigos me aguardavam) e me pus a divagar mentalmente um pouco sobre a tal da ‘matemática compensatória’. Culpem o uísque, por favor.

Nos quase 600 lugares divididos em mesas em um esquema de jantar + show, estavam grandes nomes do Brasil. Brinquei com meus convidados: “tem uma boa parcela do PIB brasileiro aqui". Brincadeiras à parte, tinha gente importante do empresariado, das artes, de algumas das famílias mais ricas e com mais prestígio do país. O que eles estavam fazendo com o que lhes foi dado? Devolvendo.

Estudos mostrem que quanto mais você doa, mais benefícios experimentará. Fazer o bem ativa áreas cerebrais, mantém atividade cognitiva, além de melhorar sua autoconfiança, empatia e felicidade- em geral.

Hoje, muito consciente do meu privilégio, eu consigo exercitar minha musculatura crítica para analisar o tal mundo filantrópico considerando todas suas nuances. São pessoas que resolveram retornar sua abundância (ou excesso?) para a sociedade, no bem de um plural em vez de um sucesso único.

A motivação intrínseca, beeem lá no fundinho, cada um é que sabe. Se é “só”por fazer o bem, por ego ou culpa, nunca saberemos. É porque não faz falta? Também não sei.

Isso importa, afinal?

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